sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Clarice, 90 anos

Não quero te desejar feliz aniversário, pois ambos sabemos que a felicidade é clandestina. Quero, porém, escrever-te o que eu mais sincera e verdadeiramente te desejo:

Clarice, que o Deus venha!

Que o Deus venha para ti, o outro de mim, e venha para mim, o outro de ti, e venha para nós, que somos outros, e venha para vós, que também são nós, e assim seguiremos sendo e buscando a salvação.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O poeta é uma mulher grávida

O poeta é uma mulher grávida.

Explico:

Uma mulher é uma mulher, e o poeta é uma pessoa, até que a mulher é fecundada por uma semente, e o poeta é fecundado pela palavra, a mulher se torna grávida e também o poeta. Então se passa um tempo, geralmente 9 meses pra mulher grávida, indeterminado para o poeta. O corpo da mulher trabalha por inteiro e sem parar pra cultivar aquela criança, o corpo do poeta trabalhar por inteiro e sem parar pra cultivar um poema. Até que chega o dia em que o corpo, da mulher grávida e do poeta, ciente de que seu rebento está pronto, expulsa-o. É o aniversário da criança e a data de escrita do poema. Mas o trabalho não acaba aí, a mãe alimenta o bebê, cuida, dá carinho... o poeta se doa ao poema, alimenta-o, reescreve-o... mãe e poeta acompanham e auxiliam o crescimento dos filhos, que um dia se fazem prontos pra uma outra vida e os abandonam. No caso do poeta, quando o poema é publicado.
No entanto, isso nem sempre é assim, perfeito e poético. Têm tantas pedras no meio do caminho...
Mas um poeta é um mulher eternamente grávida, e um poema é um filho pra ser amado por todo o sempre!