quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Independente do que sinto, anoitecerá. E amanhecerá, e anoitecerá e amanhecerá. Independente do que sinto.

domingo, 16 de outubro de 2011

Dois patinhos na lagoa

Olho-me no espelho e me espanto! O que vejo é pele que resiste, Olhos que, acima de tudo, insistem, Cabelos e pelos que permanecem, no lugar e na cor. Olho-me no espelho e não acredito... Somente um ano se passou nesta medição das horas. Porque dentro de mim, a vida se fez mais. Muito mais. Sorrio. Agora, sim, vejo alguns vincos... e melhor me reconheço a mim!

sábado, 15 de outubro de 2011

Parabéns, hoje e sempre, a todos os professores. Mas em especial parabéns não àqueles que meramente exercem docência, e sim àqueles que se espantam a cada dia com o mundo, com o absurdo, e, então professam suas perplexidades, suas dúvidas, seus anseios e questionamentos, e, dessa maneira, olham e enxergam o mundo e quem nele vive, o que nele existe, e são curiosos e buscam, e procuram, e realizam e transformam a realidade da qual fazem parte.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sim, há tempos não dou as caras por aqui. Ando tão ocupado... E daí? dirão meus possíveis leitores. Se queres escrever, escreva. Pois é. Fato é que estou com alguns objetivos que estão a me consumir as energias. Se está valendo a pena, ainda é cedo para dizer. Espero que sim. Se não, é experiência a somar, e experiência é algo a se transformar em literatura, não é? De qualquer forma, vamos a algumas considerações: Francês é uma língua com tendências oxítonas. Ainda bem que meu corpo não envelhece com a mesma velocidade que minha mente. E falando em envelhecer, vendo um pouco de televisão hoje, lembrei de um amigo que comentou que os filmes hoje em dia não são assistíveis (alguma vez comentei que as palavras que existem não me são suficientes? eu preciso de mais...), já que a troca de imagens ocorre com velocidade tamanha que pessoas de certa idade não conseguem mais acompanhar. Já atingi essa idade. Enfim, se eu demorar a voltar é porque... não sei porquê. mas eu volto. Eu sempre volto. Não sei viver sem palavras.

sábado, 30 de julho de 2011

Dizem que é um ano...

Há um ano que não vejo-te o sorriso.
Há um ano que não ouço a sabedoria de tua voz.
Há um ano que não sinto no ar tua presença.
Há um ano que não sorvo o gosto de teu chimarrão, feito pelas firmes mãos, que há um ano também não sinto entre as minhas e que tanto trabalharam por mim, por meus irmãos, primos, pais, tios, tias... família!
Dizem que é um ano o tempo de luto. Mentem.
Sim, nos acostumamos com a ausência, sim, seguimos vivendo, sim, sorrimos e nos alegramos e comemoramos as vitórias e conquistas! A dor aos poucos fica mais branda. Mas não passa. E não esquecemos.
Sinceramente, tenho pena das pessoas que não são filhos da Grande Mãe Língua Portuguesa, já que nunca serão capazes de compreender, em profundezas, quão intensa é a palavra saudade. Não há, nem nunca haverá, escala capaz de medir as saudades de um ser humano.


Estás ali, vô, marmóreo, esculpido pela memória em meu coração!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Cativar

Manhã preguiçosa de trabalho, foi ao ler os versos camonianos

"São para nos matarem e roubarem.
E mulheres e filhos cativarem"

que percebi o paradoxo significativo do verbo cativar. Lembrei-me da raposa do Petit Prince (estou estudando francês!) a pedir "Cativa-me!".
Ora, car@s leitor@s: terão o primeiro e o segundo cativar o mesmo sentido? Não.
Consultei um dicionário:

1. Tornar cativo, prisioneiro; CAPTURAR; ESCRAVIZAR [td. : Os caçadores cativaram vários animais]
2. Fig. Ligar ou ficar ligado, de modo forte ou permanente, a algo ou alguém, por vínculo pessoal, intelectual ou afetivo [tdr. + a : Cativava a estética à ética: Cativou -se à inteligência do professor.]
3. Fig. Obter a estima, a amizade, ou o amor de [td. : Cativou a criança antes de adotá-la]
4. Fig. Seduzir, conquistar [td. : Cativou a garota com sua atitude sedutora]
5. Fig. Apreender, reter [td. : Seu rosto cativava o esplendor da manhã]
6. Fig. Ficar enamorado [int. : Cativou-se da filha do vizinho]
[F.: do lat. tard. captivare. Hom./Par.: cativo (fl.), cativo (a. e sm.); cativa (s) (fl.), cativa(s) (sf.[pl.] e fem. de cativo(s) [a.sm. e pl.]).]

http://aulete.uol.com.br/site.php?mdl=aulete_digital&op=loadVerbete&pesquisa=1&palavra=cativar

Curioso pensar que cativar foi da prisão à liberdade, pois amar é libertar. Ou não?

Debate sobre isso à parte, creio que se a linguagem permitiu tamanha trans-significação a esse humilde verbo, o que não permitirá a um poeta fazer com o ser humano?

A laborar, ou elaborar!

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Zizi Possi

Assisti ao espetáculo Sinfônica Pop com Zizi Possi. Nunca fui muito fã da cantora, e continuo não achando sua voz algo extraordinário. Claro, trata-se de uma bela voz muito bem dominada por sua dona. Porém não quero comentar o que ouvi, mas o que vi - não, eu não estou ficando caduco e trocando os verbos. Quero falar que eu vi a música. Explico: entrou Zizi Possi calmamente, tranquilamente, seguramente, com um cabelo perfeitamente arrumado e uma roupa linda (perdoem-me, car@s leitor@s, pelo uso excessivo de advérbios. É que palavras são a única ferramenta que eu tenho para tentar expressar minha perplexidade naquele momento - em vão, diga-se de passagem, eu sei...). Com uma imensa simpatia, ela fala algumas palavras e começa a cantar. Logo me encanto, não por ouvi-la, como já ressaltei, mas por vê-la. Cada movimento seu era preciso. Sutilmente, o corpo de Zizi acompanhava sua voz tornando visível a canção e a música. Era como se não se precisasse de ouvidos e de audição para apreciar aquela arte, podia-se perfeitamente compreender a música com os olhos. E quando ela interpretou uma das canções mais famosas gravadas por sua voz, "Per amore", entendi o significado de um verso de Drummond. Seu coração cresceu dez metros e explodiu. Um pedacinho adentrou o meu. E ali permanece!

terça-feira, 5 de julho de 2011

Há vezes em que sinto uma necessidade imensa de me expressar, e ao mesmo tempo toda a impossibilidade do mundo de isso realizar, pois os silêncios me constituem com tamanha perfeição que me vejo impelido a me render e calar.

sábado, 2 de julho de 2011

Dia 29 de junho fez 7 anos de minha trágica cirurgia de desvio de septo, que virou em septicemia, que quase foi minha sentença de morte. Todos os anos lembro disso, cada vez com menos intensidade. Porém hoje passei os olhos por um programa de TV em que uma menina conhecia a esposa de um homem que morreu e cujo coração foi doado por esta para aquela. Lembrei-me do filme "21 gramas". E de que, naqueles dias internado em um CTI, recebi duas bolsas de sangue.
Na época, pensei muito sobre quem seriam os doadores. Aquele sangue que me ajudou a viver não era meu, não era eu. De quem seriam aquelas partículas de vida que passaram a também me constituir? Não sei, preferi e ainda prefiro o mistério. Pois por mais profunda que seja minha investigação, nunca tive nem sequer um vislumbre de EU, assim, com as letras maiúsculas para dar uma ideia da grandiosidade da coisa. EU sou a coisa. A coisa é indefinida. Eu sou indefinição, inconstância. Eu sou híbrido, pois correu por minhas veias sangue que não era meu. Eu sou eu próprio e sou outros. Ou sou fusão?
É como quando me recusei a comer carne de jacaré. Tive medo. De quê? De que aquela estranha substância mudasse minha constituição, e então minha personalidade e minha identidade. Não quis correr o risco de não mais me saber.
Mas com o sangue não tive escolha (nem forças eu tinha para recusar...). Recebi as duas bolsas e me alterei.

PS: Ainda devo as duas bolsas de sangue à sociedade, e ainda luto para engordar uns 2 quilogramas antes de doá-las. Se é que me será permitido, mas isso já é outra discussão...

sexta-feira, 1 de julho de 2011

eu sou do tamanho da minha loucura e minha loucura é do tamanho de minha lucidez. descomunal, eu sou as minhas sensações.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

vejam e leiam

Isto:

http://amandascharr.wordpress.com/2011/06/24/poemapresente-replay-justissimo/

quarta-feira, 22 de junho de 2011

semana do sapo

aiai, penso q este ano não terei uma semana de virar sapo...

sábado, 18 de junho de 2011

Orlando

Leiam no outro blog, por favor!

http://confraria-da-leitura.blogspot.com/2011/06/orlando.html

segunda-feira, 9 de maio de 2011

problemas de comunicação

vejo-te assim, estranha
escura em meio ao branco.
Vazio preenchido por uma ilusão.
Vejo-te assim, e não te compreendo.
Porque não compartilho de tua linguagem.
Em que código te enuncias,
MANCHA?

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Com licença

Se me permitirdes, senhoras e senhores, gostaria de acrescentar mais uma binária\maniqueísta classificação dos seres humanos, quiçá um dístico:

Os seres humanos se dividem em: aqueles que sentem culpa e aqueles que não sentem culpa.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Do que falo sobre a estranhez de viver

Viver é algo estranhíssimo mesmo. Por exemplo, você passa duas semanas ansioso por uma ligação que pode significar um emprego. Aí você perde as esperanças e pensa é, não vão me chamar. Aí eles te ligam e você fica extasiado de alegria. Cinco minutos depois ouve que um louco desvairado (talvez nem tão desvairado) se faz passar por palestrante numa escola e atira pra todos os lados, matando 10 crianças, deixando outras tantas feridas e depois se suicida.

Dá pra entender?

Melhor ser racional, frio e calculista, ou louco, quente e letrista?

Ah, HH (pra quem não sabe, sou fascinado por Hilda Hilst), vontade de se isolar num sítio não falta. Pena que poesia não enche barriga nem paga conta de luz. É crua a vida.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Óculos

Eu uso óculos.

Oh, que constatação besta, dirão meus leitores virtuais, e os que me conhecem dirão, isso eu já sabia.

Pois bem, estava eu sentindo ardências nos olhos seguidamente, o que me levou a consultar um oftalmologista e, por conseguinte, ganhar uma nova receita. Da consulta, constatei que estou a envelhecer, já que o médico me disse que com a idade o grau de hipermetropia diminui, e o meu se reduziu a zero. Mesmo assim, óculos me são necessários, pois tenho astigmatismo.

Fui eu, então, mandar trocar as lentes de meus óculos, mas não quis comprar outra armação. Ou seja, fiquei sem minhas preciosas lentes por uma semana. E sofri.

Ontem peguei meus óculos de volta, e me senti completo (ilusão, mas por que não?).

A falta dos óculos não era somente porque meus olhos ardiam e cansavam mais depressa. Eu sentia como se faltasse uma parte de mim, como se tivessem amputado um membro de meu corpo.
Constato também a dificuldade de se olhar o mundo cruamente. O mundo, a vida, são demasiado violentos para se olhar sem algum proteção (mais uma vez ilusão, que poder de proteção têm meras lentes?).

O fato é que me acostumei com meus óculos e quero-os para sempre.

Amém.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia

Semana passada foi o Dia Nacional da Poesia.

Hoje é o Dia Mundial da Poesia.

Desta vez, publico aqui um poema meu, e aproveito pra avisá-los, escassos leitores, que reativei meu perfil no Recanto das Letras, onde encontrarão mais poemas de minha autoria. Segue o link no final, se alguém se interessar...


Poeta eu

Chamam-me louco.
Acho pouco, até.
O fato é que sei ser homem com a força de uma mulher.
Desdobro-me em mil facetas sem perder a virilidade.

Quem sou eu?

Sou aquele que não tem idade
cujas marcas na pele não denunciam o tempo
e cujo olhar não demonstra sentimento.

Minhas feridas não são doloridas. Acostumei-me.
Minhas dores são secretas.

Não venho pra confrontar.
Não venho pra combater.
O que faço é repensar...

A luz fere meus olhos
já tão cansados das visões distorcidas
deste mundo que é tão grande.
Mas o dom da ilusão a mim
não foi concedido.

Então que fazer?
:
deixar a loucura escorrer
por estas veias de sangue tão profundo.
E seguir errando pelo mundo.



Eis o link:


http://recantodasletras.uol.com.br/autores/diogorufatto


Boa leitura!

domingo, 20 de março de 2011

Bethânia e as palavras

Assisti ao espetáculo homônimo a este post.
Como a própria Bethânia falou, é um luxo para a poesia ter a seu serviço ela, intérprete consagrada, e dois músicos, um dos quais o maestro que a acompanha há décadas.

Confusões acerca da Lei Rouanet à parte, quero comentar minhas reações ao ouvi-la e vê-la bem de perto.

O que vi e ouvi foi uma senhora pequeninha, aparentando uma certa fragilidade, em apenas alguns instantes tomar e prender a atenção de cerca de 400 pessoas com seu poder de sedução. Sim, sedução. Se ela é feia? É, para os padrões de beleza físicos, considero-a feia. Mas isso não importa. Feia ou bela, seduz e encanta com a potência de sua voz, com a arte que fala cada palavra na hora certa, com a entonação que lhe dá, à palavra, vida.
Ah, senhor@s leitor@s, falando em palavra que dá vida, não posso deixar de dizer que, passada a estupefação inicial de estar ali, em frente a Maria Bethânia, vendo-a dizer poesia (e dizendo com maestria), fui sendo tomado por tal encantamento que as palavras deixaram de ser meras palavras e lentamente passaram a ter vida, deixaram de ser meras ondas sonoras e transmutaram-se em matéria. Flagrei-me, entre espantado e tomado pela contemplação, flagrei-me, senhoras e senhores, querendo pegar aquelas palavras-matéria, senti-las em minhas mãos, minha pele, sentir sua forma e textura, seu cheiro, e então seu gosto, sim, senhoras e senhores, seu gosto, pois estava eu a querer comer as palavras, como se alimento fossem, e eu, ser humano, fosse capaz de degluti-las, digeri-las e ter meu corpo por elas nutrido. Sim, sim, senhoras e senhores, eu queria comer palavras e aos poucos ter meu corpo feito poesia, ser meu corpo a própria poesia.

Mas logo vieram as palmas e despertei de meu devaneio.

ah, senhoras e senhores, todavia, eu fui aquele, pois contemplei.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Dia da poesia

Hoje é dia da poesia.

Pra celebrar, transcrevo uma das mais belas que li nos últimos tempo, de Hilda Hilst. Faz parte da série de poemas intitulados "Trajetória poética do ser - passeio", do livro Exercícios.

15

De delicadezas me construo. Trabalho umas rendas
Uma casa de seda para uns olhos duros.
Pudesse livrar-me da maior espiral
Que me circunda e onde sem querer me reconstruo!
Livrar-me de todo olhar que quando espreita, sofre
O grande desconforto de ver além dos outros.
Tenho tido esse olhar. E uma treva de dor
Perpetuamente.
Do êxodo dos pássaros, do mais triste dos cães,
De uns rios pequenos morrendo sobre um leito exausto.
Livrar-me de mim mesma. E que para mim construam
Aquelas delicadezas, umas rendas, uma casa de seda
Para meus olhos duros.

sábado, 12 de março de 2011

Diálogo

- Não vai comer mais uvas?
- Tô comendo poesia. Eu me alimento de poesia.
- Tem gente que se alimenta de luz.
- Poesia é luz.

PS: Eu não comi mais uvas.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Banheiro de aeroporto

Desci do avião ontem em Confins com minha bexiga "cheiérrima". Enquanto colocavam minha mala na esteira, corri pro banheiro. Qual não foi minha surpresa ao sentir um fedorzinho básico de mijo. Logo pensei "credo, um banheiro de aeroporto fedendo", mas não tive muito tempo de pensar, aliviei-me e fui esperar a mala na esteira (que estava recém sendo ligada...). Após pegar a mala, sentado no conforto de um ônibus até o centro de BH, fiquei pensando no tal banheiro. Como pode um banheiro de aeroporto ter cheiro de mijo? Não seria o aeroporto um local frequentado por pessoas de, no mínimo, classe média, ou seja, bem instruídas? Pois bem, não necessariamente. Foi refletindo sobre isso que me dei conta de uma coisa: no principal aeroporto de uma capital, aquele banheiro deve ter recebido mijo de um sem-número de políticos, empresários, administradores públicos etc., gente que, supostamente, trabalha para o bem-estar social. Ora, brasileir@s, a fedentina está explicada! (depois dessa conclusão, percebi que senti um certo cheiro de hipocrisia e dissimulação mesmo...)

Moral da história: Por mais que sejas douto, teu mijo fede igual ao dos outros.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Quarta-feira de cinzas

Hoje é quarta-feira de cinzas, dia de não comer carne e refletir e blablababoseiras que tanto ouvimos. Ok, é quaresma. Tempo de jejum e reflexão e doação e blablababoseiras. Só não consigo parar de me perguntar: por que agora, nesses 40 dias?
Ah é, Jesus ficou 40 dias no deserto, jejuando e refletindo e blablababoseiras que tanto ouvimos...

Ficou mesmo?

Eu não tava lá pra ver e não boto minha mão no fogo nem por mim...

Enfim, acabou o carnaval. Hora de sacrifícios, então, vou lá, continuar vivendo.

Até mais!

quarta-feira, 2 de março de 2011

Música clássica

Fui ontem a um concerto de música clássica, com a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, no Museu Inimá de Paula. Entrada franca.
Não peguei o programa, portanto não sei precisar quais peças ouvi. Lembro que os compositores eram Wagner, Schumman (acho que a peça se chamava Concerto para Violino em Ré Menor, mas não tenho certeza) e Hayden (é assim que se escreve?).
Enquanto ouvia a orquestra, fui transportado para milhões de lugares. Senti mil coisas diferentes e tive outras mil ideias. O único problema é que todas as sensações e sentimentos não podem ser descritos. São coisas sem nome. São linguagem sem palavra. Mas, e daí?
O fato é que contemplei, e contemplando eu fui feliz, e fui triste, e fui rei, plebeu, uma vaca pastando, um automóvel, fui tosco, fui grande, fui etéreo, eterno, errado e errante, luz, mistério, coelho pensante...

Pensando nisso tudo, ontem demorei para dormir, me perguntando por que as pessoas não gostam de música clássica?
Levantei uma hipótese: por preguiça.
Preguiça? É, sim, preguiça.
Mas não é só ficar ouvindo?
Não, senhoras e senhores, não é só ficar ouvindo. Aí é que está a questão. Volte um pouco e leia quantas coisas eu fui, lá, sentado, ouvindo. E as reticências significam continuidade e um convite, leitores, a preencherem a lacuna que deixei.
A preguiça, desse modo, é de ser. Quem ouve música clássica, não permanece. Nâo é. Está sendo. E, como escreveu Hilda Hilst, "ainda que o trem se mova, tu não te moves de ti", a identidade é itinerante.
Portanto, concluo que quem não gosta de ouvir música clássica - não só música, outras coisas também... - é por preguiça de ousar ser, de ousar sentir, de ousar ousar... E mudar.

sábado, 26 de fevereiro de 2011

100

Vejam só, parcos leitores, cheguei a minha postagem número 100.
Dito isso, há dias que não escrevo versos...


Enquete:

Devo ressuscitar meu perfil no Recanto das Letras?

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Saudade

A saudade não é um nome. A saudade são todos os nomes daqueles que amamos, são pedaços de nós que deixamos em corações cativos, em troca de um pedaço dos deles. São as lágrimas que correm por nossa face, umedecendo os vincos de nossa pele, formados por tantas histórias que outrora partilhamos. A saudade é memória feita corpo, sensação. Risos, broncas, jeitos e canções, terra, alimento, beleza e adoração. Luto.
Saudade é próprio de quem é humano. E labuta...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A porta e o vazio da vida

Estive presenciando a reforma de um banheiro. Com isso, vi uma porta nova, sem instalar (é instalar que se diz?), sem pintar, sem nada. Enfim, uma porta crua. E horrorosa.
Lembrei de Hilda Hilst "É crua a vida".
Ainda bem que existe poesia, que existe amor, que existe sexo, música, cinema jantares vinhos blablablá... pra pintarmos nossas portas.