sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Lembranças...

Estava eu pensando na vida, quando lembrei de uma antiga professora, da minha segunda série do ensino fundamental, que na época chamava primeiro grau. O nome dela era Cidi Sana (só não tenho mais certeza se se escreve assim). Ela era uma fera. Todos tinham medo dela. Entretanto, o que eu lembrei foi de uma determinada manhã, a seguinta a uma prova, em que fui chamado para a frente. Levantei e fui, com medo... Cheguei à mesa da professora e ela me mostrou minha prova e disse "Você esqueceu de fazer uma questão, faz agora" (Não sei se foi exatamente isso, mas foi mais ou menos parecido). Enfim, fiz a questão e fui sentar, ela corrigiu e devolveu minha prova e as dos demais colegas.
Hoje lembrei e pensei como ela foi delicada ao realizar tal ato, e como confiou em mim, afirmando que eu tinha esquecido e não que tinha deixado em branco de propósito. É realmente provável que seja verdade, quem me conhece sabe.
Pra terminar, hoje lembrei com carinho da minha professora da segunda série do ensino fundamental.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Não vim pra esclarecer nada. O que eu puder confundir, eu confundo"
Ney Matogrosso (1983)

http://www.youtube.com/watch?v=z14btKZQ4V4

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Carnaval

É, mais uma vez estamos na abonança do Carnaval. Quinta o Brasil começa a funcionar novamente...
Estamos aí nesta festa orgiástica, onde tudo pode, tudo é bonito, o importante é a folia e se deixar levar, afinal, depois serão 40 dias de resguardo. ?. Isso mesmo, um ponto final seguido de um de interrogação e outro final.
Não saio no Carnaval.
Nunca saí.
E provavelmente nunca sairei, mas nunca digo nunca, porque nunca é muito tempo.
Pessoas caindo de bêbadas, suadas, todas se esfregando... Tenho pavor disso.
Sim, sou fresco.
Preferia a transmissão do Oscar.
Tchau

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Tempo

O tempo é um tema recorrente. Que ainda recorrerá muito, creio...

Desta vez, um lindo poema de Mario Quintana

Olho as Minhas Mãos

Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas
Porque são minhas.
Mas é tão esquisito distendê-las
Assim, lentamente, como essas anêmonas do fundo do mar...
Fechá-las, de repente,
Os dedos como pétalas carnívoras !
Só apanho, porém, com elas, esse alimento impalpável do tempo,
Que me sustenta, e mata, e que vai secretando o pensamento
Como tecem as teias as aranhas.
A que mundo
Pertenço ?
No mundo há pedras, baobás, panteras,
Águas cantarolantes, o vento ventando
E no alto as nuvens improvisando sem cessar.
Mas nada, disso tudo, diz: "existo".
Porque apenas existem...
Enquanto isto,
O tempo engendra a morte, e a morte gera os deuses
E, cheios de esperança e medo,
Oficiamos rituais, inventamos
Palavras mágicas,
Fazemos
Poemas, pobres poemas
Que o vento
Mistura, confunde e dispersa no ar...
Nem na estrela do céu nem na estrela do mar
Foi este o fim da Criação !
Mas, então,
Quem urde eternamente a trama de tão velhos sonhos ?
Quem faz - em mim - esta interrogação ?

Clipping

"...Por isso mesmo eu sempre torço nariz para oficinas, para debates e para qualquer tentativa de criar um método único e um conselho essencial para alguém se tornar escritor.
...Longe de mim também querer ensinar algo ao Sir Hatoum. Sei há muito tempo que escritores têm apenas o compromisso de escrever, quando abrem a boca muitas vezes dizem bobagem... como eu. Não precisam ter compromisso com caráter, com os bons modos, com o bom senso. Não acho que a opinião de um escritor conte muito. O que conta, para quem faz ficção, deve ser a imaginação. Não quero que questionem minha criatividade, o resto todo podem questionar...
...É um mercado muito restrito. Muito pouco profissional. Mas acho que ajudaria se escritores consagrados não abrissem a boca para aumentar preconceitos, para diminuir o público leitor, e para se auto canonizarem, como se tivessem a fórmula única da consagração.
..."

Clipping de alguns trechos de um texto escrito pelo jovem escritor Santiago Nazarian, que pode ser lido na íntegra em seu blog http://www.santiagonazarian.blogspot.com/

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tempo

Acabo de chegar do cinema. Assisti ao filme O curioso caso de Benjamim Button. Só posso dizer que é uma obra-prima!
Não quero contar a história, isso é fácil encontrar em sites... Quero escrever um pouco sobre o tempo, tema que está mais do que presente (passado e futuro) no filme, e em mim, e em todos. Não há poeta que nunca tenha refletido em sua obra sobre o tempo. O que mais lembro agora é Cazuza cantando "Não, o tempo não pára" e toda a saga da família Terra Cambará, contadas por Erico Verissimo na também obra-prima O tempo e o vento.
Entretanto, todas essas formas de retratar o tempo, sua passagem, suas marcas diferem da de Benjamim Button. Tive grande identificação com o personagem por ele ser ao contrário, que é como me sinto várias vezes... O tempo é feito de momentos, de encontros e desencontros, de memórias que são esquecidas e lembradas, de registros. O tempo vai passando e as coisas vão mudando, e as coisas vão permanecendo iguais, e nós vamos mudando, e nós seguimos permanecendo os mesmos. Inevitável. Por isso, como diz uma frase algumas vezes repetida no filme, mas que já não lembro na íntegra "podemos espernear, brigar, nos revoltarmos. Mas chega uma hora em que precisamos let go". Coloquei em inglês porque faz mais sentido. Explico: Let go é traduzido como aceitar no filme, mas não significa bem isso, ao meu ver. Let go pode ser deixar ir, deixar partir. Assim como fazemos com o tempo. Não importa o que aconteça ou o que deixe de acontecer, precisamos deixar o tempo fluir, aprender a viver novamente, todos os dias, todos os momentos, o tempo inteiro. No filme A massai branca, sobre o qual já escrei aqui, está presente um amor que let go.
Assistir ao Curioso caso de Benjamim Button é sofrido, é difícil, mas não é perda de tempo. Há poesia na fotografia, na maquiagem, na história, na interpretação de Cate Blanchett, mais linda do que ela própria.
Chamo a atenção para a presença de tempestades. Como Ana Terra costumava dizer "Sempre que acontece alguma coisa importante está ventando", significando passagem, renovação, mudança. Neste filme, sempre que acontece alguma coisa importante há uma tempestade, significando a revolução, o caos que se insere dentro de cada um de nós no momento em que o tempo nos marca.
Há ainda outros elementos do tempo no filme, como o relógio que gira em sentido anti-horário, mas este post já está grande o suficiente. Se maior ficar, ninguém terá tempo de ler, nos dias corridos de hoje.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Funk do Suassuna

O título parece contraditório? Assista, não é preciso comentários...

http://www.youtube.com/watch?v=0D92AS8HqLA&feature=related

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Tempo de definições

“Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade – voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade”.
Caio Fernando Abreu

"Homossexual é exatamente isso: duvidoso, instaurador de uma dúvida. Em outras palavras: algo que afirma uma incerteza, que abre espaço para a diferença e que se constitui em signo de contradição frente aos padrões de normalidade. Ou seja, trata-se do desejo enquanto devir e, portanto, como afirmação de uma identidade itinerante."
João Silvério Trevisan in Devassos no paraíso p. 43

Indignação

Após a doçura de Drummond, um post indignado

Na página inicial do msn tinha uma chamada de notícia do Big Bosta Brasil: Fulana dança funk e fulano fica com ciúme.
Aqui vai meu recado: MSN, não me importa quem dança ou deixa de dançar funk, e quem sente ou deixa de sentir ciúme. Minha vida é mais interessante, entretanto não permito expô-la a todo o Brasil.

Poema de Drummond

Cantiga de viúvo

A noite caiu na minh'alma,
fiquei triste sem querer.
Uma sombra veio vindo,
veio vindo, me abraçou.
Era a sombra do meu bem
que morreu há tanto tempo.

Me abraçou com tanto amor
me apertou com tanto fogo
me beijou, me consolou.

Depois riu devagarinho,
me disse adeus apenas com a cabeça
e saiu. Fechou a porta.
Ouvi seus passos na escada.
Depois mais nada...
acabou.

Carlos Drummond de Andrade (Sentimento do mundo)

Li esse poema e o achei tão lindo que merecia ser postado neste blog. É triste, mas a tristeza tem um que de melancolia, de dia chuvoso e cinzento que me atrai, me fascina, me seduz. Ainda mais quando a tristeza é doce e intensa, como o poema. O amor vem, fogoso. O amor vai, saudoso. E com a falta que ele faz é que ele sobrevive.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A massai branca

Soneto de Fidelidade

Vinicius de Moraes

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes, "Antologia Poética", Editora do Autor, Rio de Janeiro, 1960, pág. 96.

Mais uma vez escrevo sobre um filme. Não pretendo escrever só sobre filmes, mas enfim, é o que tenho feito...

Dessa vez, assisiti ao filme A massai branca, de Hermine Huntgeburth. O filme é excelente.

Trata-se de uma história de amor. Linda? Não. Feia? Muito menos. A história de um amor que pode ser escrito assim AMOR, com todas as letras maiúsculas.
Seria lindo e maravilhoso poder dizer que o amor vence qualquer fronteira, seja física, línguística, de gênero, cultural e outras tantas. Das que acabo de listar, creio que o amor sobreviva, e com boa vontade e colaboração mútua, até consiga superar alguns obstáculos. Mas a questão cultural é complicada. Podemos não perceber, mas estamos tão acostumados com nossa cultura, que é difícil viver em outra. Falo isso em teoria, na prática não sei como é.

Por que disse que a história é de AMOR? Porque a Massai Branca e o Massai negro, após alguns anos de amor, compreendem que chegou um ponto em que a vida juntos não faz mais sentido. Ela parte, ele deixa ela ir.

Lembrei de uma história que alguém que amo me pediu para ler. Chama-se O Pássaro Encantado, de Rubem Alves. É sobre amor e liberdade. Uma história perfeita!

Também acho linda a história de amor do filme O Fantasma da Ópera, o último feito, não lembro o nome do diretor, só lembro que o fantasma é Gerard Butler e Minnie Driver é a Carlotta. (eu sei que to conectado na internet e com alguns clics acharia tudo, mas tô com preguiça ponto). O fantasma compreende que Ms. Daee não ama ele, ama outro, mas não sente repulsa por ele, ao contrário, gosta dele como ele é. Então, ele deixa que ela viva seu amor por outro homem. O amor deles é verdadeiro.

Há outro filme de amor que eu amo (perdoem a repetição da palavra amor). Mas isso fica pra outro post, pois vale um texto enorme, hehe. Pra não ser muito chato, o nome é Imagine eu e você.