A razão de minha simpatia por equinócios e solstícios deve estar na origem pagã dessas festas. Eu imagino as fogueiras, a música, as substâncias alucinógenas e todo aquele clima de culta à Grande Deusa e me dá uma saudade de algo que nunca vivi... Vá entender isso???
Pra terminar, um poema de Elisa Lucinda chamado Ele
Já começa a beijar meu pescoço
com sua boca meio gelada meio doce,
já começa a abrir-me seus braços
como se meu namorado fosse,
já começa a beijar minha mão,
a morder-me devagar os dedos,
já começa a afugentar-me os medos
e a dar cetim de pijama aos meus segredos.
Todo ano é assim:
vem ele com seus cajás, suas oferendas, suas quaresmeiras,
vem ele disposto a quebrar meus galhos
e varrer minhas folhas secas.
Já começa a soprar minha nuca
com sua temperatura de macho,
já começa a acender meu facho
e dar frescor às minhas clareiras.
Já vem ele chegando com sua luz sem fronteiras,
seu discurso sedutor de renovação,
suas palavras coloridas,
e eu estou na sua mão.
Todo ano é assim:
mancomunado com o vento, seu moleque de recados,
esse meu amante sedento alvoroça-me os cabelos,
levanta-me a saia, beija meus pés,
lábios frios e língua quente,
calça minhas meias delicadamente
e muda a seu gosto a moda de minhas gavetas!
É ele agora o dono de meus cadernos, meu verso, minha tela,
meu jogo e minhas veretas.
Parece Deus, posto que está no céu, na terra,
nas inúmeras paisagens,
na nitidez dos dias, no arcabouço da poesia,
dentro e fora dos meus vestidos,
na minha cama, nos meus sentidos.
Todo ano é assim:
já começa a me amar, esse atrevido,
meu charmoso cavalheiro, o belo Outono,
meu preferido.
com sua boca meio gelada meio doce,
já começa a abrir-me seus braços
como se meu namorado fosse,
já começa a beijar minha mão,
a morder-me devagar os dedos,
já começa a afugentar-me os medos
e a dar cetim de pijama aos meus segredos.
Todo ano é assim:
vem ele com seus cajás, suas oferendas, suas quaresmeiras,
vem ele disposto a quebrar meus galhos
e varrer minhas folhas secas.
Já começa a soprar minha nuca
com sua temperatura de macho,
já começa a acender meu facho
e dar frescor às minhas clareiras.
Já vem ele chegando com sua luz sem fronteiras,
seu discurso sedutor de renovação,
suas palavras coloridas,
e eu estou na sua mão.
Todo ano é assim:
mancomunado com o vento, seu moleque de recados,
esse meu amante sedento alvoroça-me os cabelos,
levanta-me a saia, beija meus pés,
lábios frios e língua quente,
calça minhas meias delicadamente
e muda a seu gosto a moda de minhas gavetas!
É ele agora o dono de meus cadernos, meu verso, minha tela,
meu jogo e minhas veretas.
Parece Deus, posto que está no céu, na terra,
nas inúmeras paisagens,
na nitidez dos dias, no arcabouço da poesia,
dentro e fora dos meus vestidos,
na minha cama, nos meus sentidos.
Todo ano é assim:
já começa a me amar, esse atrevido,
meu charmoso cavalheiro, o belo Outono,
meu preferido.
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