quarta-feira, 1 de julho de 2009

Boçalidade

Se meus olhos tivessem raio laser, uma criatura que não sei como é professor universitário teria hoje virado cinzas.
Explico o porquê. Aliás, explico uma das tantas boçalidades por ele cometidas.

Estávamos em um seminário com o escritor Flávio Carneiro sobre a obra A distância das coisas. Esse seminário era para os alunos de algumas escolas de minha cidade. Ou seja, os alunos deveriam fazer perguntas e discutir com o escritor. O "professor" (uso aspas porque a palavra tem um sentido que o cara não merece), a meu ver, faltou com o respeito aos alunos quando ele próprio fazia perguntas.
O que realmente me irritou foi uma das perguntas. Preciso contextualizar: no livro há um menino de 14 anos com algumas preocupações na cabeça, portanto demora pra perceber que sua amiga gosta dele de forma especial.
O dito cujo interrompe tudo, pega o microfone pra dizer que alguns de seus alunos comentaram que o menino não tinha "pegada" (aspas aqui por ser expressão oral). Pergunta ele por que o menino era tão lerdo (já faltando com o respeito ao tempo de cada um, como se fosse imprescindível que todo homem seja "pegador", mas isso é outra discussão), ou se ele era meio BOIOLA mesmo.
Foi quando ouvi essa palavra, que destaco no texto, que meu olhar fulminou o ignorante. Sei que boiola é uma palavra usada para designar um homem homossexual, assim como viado, bicha, entre outras. Sei que há uma paranoia, uma crise no masculino, que envolve a questão da homossexualidade. Procuro respirar e relevar algumas questões. A luta continua, etc etc. Mas o que diabos a homossexualidade tem a ver com a falta de "pegada"? Ser homossexual não significa perder a virilidade. Somente quem ignora tal questão pode pensar nisso, demonstrando preconceito. Horrível é pensar que alguém assim ocupa um papel social tão importante.
Eu senti um misto de fúria, irritação, vergonha e pena.
Mas encaro isso como combustível.

Nenhum comentário: