quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Tempo

Acabo de chegar do cinema. Assisti ao filme O curioso caso de Benjamim Button. Só posso dizer que é uma obra-prima!
Não quero contar a história, isso é fácil encontrar em sites... Quero escrever um pouco sobre o tempo, tema que está mais do que presente (passado e futuro) no filme, e em mim, e em todos. Não há poeta que nunca tenha refletido em sua obra sobre o tempo. O que mais lembro agora é Cazuza cantando "Não, o tempo não pára" e toda a saga da família Terra Cambará, contadas por Erico Verissimo na também obra-prima O tempo e o vento.
Entretanto, todas essas formas de retratar o tempo, sua passagem, suas marcas diferem da de Benjamim Button. Tive grande identificação com o personagem por ele ser ao contrário, que é como me sinto várias vezes... O tempo é feito de momentos, de encontros e desencontros, de memórias que são esquecidas e lembradas, de registros. O tempo vai passando e as coisas vão mudando, e as coisas vão permanecendo iguais, e nós vamos mudando, e nós seguimos permanecendo os mesmos. Inevitável. Por isso, como diz uma frase algumas vezes repetida no filme, mas que já não lembro na íntegra "podemos espernear, brigar, nos revoltarmos. Mas chega uma hora em que precisamos let go". Coloquei em inglês porque faz mais sentido. Explico: Let go é traduzido como aceitar no filme, mas não significa bem isso, ao meu ver. Let go pode ser deixar ir, deixar partir. Assim como fazemos com o tempo. Não importa o que aconteça ou o que deixe de acontecer, precisamos deixar o tempo fluir, aprender a viver novamente, todos os dias, todos os momentos, o tempo inteiro. No filme A massai branca, sobre o qual já escrei aqui, está presente um amor que let go.
Assistir ao Curioso caso de Benjamim Button é sofrido, é difícil, mas não é perda de tempo. Há poesia na fotografia, na maquiagem, na história, na interpretação de Cate Blanchett, mais linda do que ela própria.
Chamo a atenção para a presença de tempestades. Como Ana Terra costumava dizer "Sempre que acontece alguma coisa importante está ventando", significando passagem, renovação, mudança. Neste filme, sempre que acontece alguma coisa importante há uma tempestade, significando a revolução, o caos que se insere dentro de cada um de nós no momento em que o tempo nos marca.
Há ainda outros elementos do tempo no filme, como o relógio que gira em sentido anti-horário, mas este post já está grande o suficiente. Se maior ficar, ninguém terá tempo de ler, nos dias corridos de hoje.

Um comentário:

Leo Cordeiro disse...

Legal a sua preocupação com o tempo, posts longos realmente não são atrativos. Bom texto.
Eu vi o filme e adorei.
Veja o da esposa do protagonista também, "A troca", é tão bom quanto.