sábado, 2 de julho de 2011

Dia 29 de junho fez 7 anos de minha trágica cirurgia de desvio de septo, que virou em septicemia, que quase foi minha sentença de morte. Todos os anos lembro disso, cada vez com menos intensidade. Porém hoje passei os olhos por um programa de TV em que uma menina conhecia a esposa de um homem que morreu e cujo coração foi doado por esta para aquela. Lembrei-me do filme "21 gramas". E de que, naqueles dias internado em um CTI, recebi duas bolsas de sangue.
Na época, pensei muito sobre quem seriam os doadores. Aquele sangue que me ajudou a viver não era meu, não era eu. De quem seriam aquelas partículas de vida que passaram a também me constituir? Não sei, preferi e ainda prefiro o mistério. Pois por mais profunda que seja minha investigação, nunca tive nem sequer um vislumbre de EU, assim, com as letras maiúsculas para dar uma ideia da grandiosidade da coisa. EU sou a coisa. A coisa é indefinida. Eu sou indefinição, inconstância. Eu sou híbrido, pois correu por minhas veias sangue que não era meu. Eu sou eu próprio e sou outros. Ou sou fusão?
É como quando me recusei a comer carne de jacaré. Tive medo. De quê? De que aquela estranha substância mudasse minha constituição, e então minha personalidade e minha identidade. Não quis correr o risco de não mais me saber.
Mas com o sangue não tive escolha (nem forças eu tinha para recusar...). Recebi as duas bolsas e me alterei.

PS: Ainda devo as duas bolsas de sangue à sociedade, e ainda luto para engordar uns 2 quilogramas antes de doá-las. Se é que me será permitido, mas isso já é outra discussão...

2 comentários:

Cassiano Dal Pizzol disse...

tchê, vivente...

quando apareceres aqui no sul faço questão de assar aquele bovino na churrasqueira para te fazer ganhar aqueles quilinhos :D

na falta de carne, uns dois dias a lasanha e a nhoque também ajudam!

Diogo da Costa Rufatto disse...

mas barbaridade, to devendo uma visita, eu sei... que vergonha!